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terça-feira, 30 de novembro de 2010

UM BOI VÊ OS HOMENS - Carlos Drummond de Andrade

Tão delicados (mais que um arbusto) e correm
e correm de um para o outro lado, sempre esquecidos
de alguma coisa. Certamente, falta-lhes
não sei que atributo essencial, posto se apresentem nobres
e graves, por vezes. Ah, espantosamente graves,
até sinistros. Coitados, dir-se-ia que não escutam
nem o canto do ar nem os segredos do feno,
como também parecem não enxergar o que é visível
e comum a cada um de nós, no espaço.E ficam tristes
e no rasto da tristeza chegam à crueldade.
Toda a expressão deles mora nos olhos – e perde-se
a um simples baixar de cílios, a uma sombra.
Nada nos pêlos, nos extremos de inconcebível fragilidade,
e como neles há pouca montanha,
e que secura e que reentrâncias e que
impossibilidade de se organizarem em formas calmas,
permanentes e necessárias. Têm, talvez,
certa graça melancólica (um minuto) e com isto se fazem
perdoar a agitação incômoda e o translúcido
vazio interior que os torna tão pobres e carecidos
de emitir sons absurdos e agônicos: desejo, amor, ciúme
(que sabemos nós?), sons que se despedaçam e tombam no campo
como pedras aflitas e queimam a erva e a água,
e difícil, depois disto, é ruminarmos nossa verdade.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Poesia - 24/08/2009 - Em rota: Rio de Janeiro

O homem é um anjo montado num porco
Porco, canalha, estrume... da sua gripe suína
Suína é a lama em que vivem os homens com suas futiliades. Futilidades fruticam flores
Flores, Margaridas amarelas, que se despetalavam lento e suavemente entramos para jantar
Jantar a dois a luz de velas
Veias palpitantes que gritam no impulso de nos dizer que somos mais que criaturas mesquinhas e rancorosas. O sangue quente quer brotar da pele.
Pele, carcaça, distinta de tanta e tanto holocausto de me refazer

PRISCILLA, LUCAS, SAMUEL, JHONATAN, NÁDIA, AFONSO E MARCELLA

E dale compostagem! DAle compostagem porque é preciso ir além.
Além, amém, acém é carne
Carne que sangra um líquido amarelado como a margarida que se despetava, despetalava, despedaçada, descontrolava e ria, ria sem parar
Parar, pensar e começar de novo
De novo, de voto, de voro, de nome, de mente, o piscar do olho que enxerga o limear da fresta fresca. Boca fresca
Fresca tua severa musa
Musa justa de ti mi amore amora doce
Doce escuridão. O colorido da sombra envolvente entorpece os sentidos e
E ai? Serei poético agora.
Agora, passa-se por nós.
Nós somos poéticos.

PRISCILLA, LUCAS, SAMUEL, JHONATAN, NÁDIA, AFONSO E MARCELLA

domingo, 24 de outubro de 2010

POESIA - CTM

Floca fauna floca, diante de ti vejo e olho
Olho branco desprovido de pálpebras, no entre abre entre fecha descubra o entre
Entre seus olhos olhar de ti olha para mim diante de você
Você, que está sentado sob essa luz alucinante, ob a lente cortante que reflete e bufa da superfície vermelha
Vermelha e minha tristeza que de tão triste até desconheço sua cor
Quero escrever para ela e dizer toda sua esfera seu texto sua sabedoria de toda escrita quando te respondo
Respondo a sua pergunta? Desculpa, mas nem pra tudo tenho resposta
Resposta simplesmente pra ela ouvi toda sua renovação sua voz estranha sua voz que me diz e me corresponde.

LUCAS E PRISCILLA, 19/11/2009

Rangendo os calcanhares perfurados por si
Si tornar-se pra si, para si então seria o que exatamente?
Seria o ser se este não estivesse esquecido
Esquecido em pontas agudas metálicas
Metálicas estruturas metálicas por onde passo sobre meu ser completamente despido aos meus próprios olhos
Olhos sem pálpebras, seco, caminhando na terra úmida
Úmida na transparência do novo ambiente que me envolve
Envolve simplesmente envolve o embaralhado contigente contingente, continente incontinente, não sei. Qual é a referência que me é dada?
Pelos olhos eu absorvo o que posso. Também pela pele.
Pele fina, frágil, sensível perfuração do prego hostil hostil... hostil... hostil reflexo... substantivo
Substantivo é o nome das coisas. Começa com letra maiúscula ou minúscula. Depende.
Das coisas prego.

CAMILA, LUCAS E PRISCILLA, 15/03/2010.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

poeminhas FRINGE








A todos vocês que nunca viram a Cia. dos Atores...

Você é um fracassado!!! Você é um fracassado!!!

Eu não vi e isso me causou ira!

Paçoca!

Desde sábado que ninguém me liga...

Calma! Conforto e Cultura, é Baby

Escreve isso aí

Estou escrevendo

O que foi que a gente fez!

Isso é uma pergunta?

Assistimos peças boas...

Ora! Isso não é[qui]xiste
Silêncio [luz] respiro penso

Penso novamente

Escute! Escute! chrict (som de mastigar skini)

Ei! Me dá uma bolacha
Só uma ta?

Ãhn Ãhn

Obrigado

E acabo existindo

Não, não acabou não

Não ainda

O fio, o frio, o crime

O quê? Está me consumindo

Sinusite da tristeza

Fome do veto, do VETO!

Não devo ser ético

Sem coerência

Sem valor, não devo ter valor

Afinal, até onde vai...

Vai, vai, vai pro ônibus menina

Ah! A gente entende, né.

Pára de mexer com os outros

Vai pro fim da fila!

Viadagem.

Peido do motorista

O motorista (Ele) ta abraçado com o outro

Deixa...

E vai, a cena.

Interativa!

E não esqueça seus óculos.

Cena 2

(O começo no ônibus)

Ônibus mucho color que anda en el mar caliente.

Caliente! Ai como estoy caliente!

Caliente es el fuego do inferno

Inferno que é barca

Barca do inferno, inferno de Dante.

Dante, gigante, amante do Luís.

Luís Carlos Leite foi excluído do poema

Poema e poemas vou declamar para o motorista.

Motorista de longas jornadas

Jornadas alucinantes comandadas pelo mega-blaster maquiador Coletivo, Dilon.

Dilon, amigão, do tamanho de Iemanjá.

Iemanjá captou a freqüência do meu pensamento.

Pensamento que me leva ao Vale de Lágrimas quando vejo os cabelos de Afonso
Afonso, insano ou santo?

Santo, santo, santo. Santo é o Senhor que nos salva.

Salva, salve, sinta o cinto.

Cinto na bunda do menino mau.

Mau mesmo eram os ratos que ficaram ao lado da igreja em Curitiba.

Curitiba, etc, etc, etc e tal.

Tal qual a garatuja ensandecida.

Ensandecida, eu grito um tempo em que os cantos foram desaparecendo.

Desaparecendo da face da Terra.

Cena 3 Poeminha.

Trinta e um de março de dois mil e nove

Nove patinhos estão dormindo com suas cabeças vermelhas

Vermelhas cerejas suculentas como o cupuaçu do norte

Norte azul que me incendeia

Incendeia minhas idéias cheias de marimbondo

Marimbondo me picou na testa

Testa maldita chegarei até seu cérebro

Cérebro e suas conexões elétricas, sinapses e sinopses

Sinopses, sinos, sinais, silêncio

Silêncio é um desejo, às vezes impossível mas que diz muito

Impossível não terminar aqui.

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Leminski diz:

Marginal é quem escreve à margem
deixando branca a página
para que a paisagem passe
e deixe tudo claro à sua passagem.

Marginal, escrever na entrelinha,
sem nunca saber direito
quem veio primeiro,
o ovo ou a galinha.

(Paulo Leminski)

quarta-feira, 8 de julho de 2009


Esse rio
que um dia correu livre, forte
mostrando caminhos, jeitos de ser impetuosidade e água.

Esse rio
que era tantos lados
o modo de ser amor e mágoa
futuro e espera, luz e palavra.

Agora pára, abrupto
como uma lembrança mal recordada
um jeito de não saber o que deu errado
(a vida erra?).

Torna-se bacia rasa, escura
iluminada pelos olhos que querem, perguntam
pelo quadro explícito do amor secreto
gaiola de prender vidas infinitas.

Rio que SE INTERROMPE!
sem toda essa palavra, tão grande:
finda, cansa, fica, e só.

E se um varal de esperanças se abre
é porque não se vive em poesia
sem ficar nu de vez em quando.

Só de vez em quando...
quando a lua brilha úmida
ou o ar desmente lendas
ou ainda quando iguais se encontram,
segurando malas, recordando saídas.

* Poema-regalo de Marsial Azevedo aos Canoeiros.