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quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Pra acabar, olhe mais uma vez para esses corpos marginais



“...em movimento os corpos que muitos olhos olharam. O ano é já crepuscular no horizonte, abranda suas luzes, presenteia os poucos dias em regressiva conta, com amarelos, laranjas, violetas, nessas nuvens neon, nesses céus fogueira, nesse paraíso cerrado, a descer ladeira, pouco a pouco desbotando o dia, despontando a noite. Aos olhos a espera do novo, em movimento os corpos que muitos olhos olharão.”


E o Coletivo Teatro da Margem se despede de mais um profundo ano de trabalho que começou no embalo do processo de criação de nosso primeiro espetáculo de rua “A Saga no Sertão da FarinhaPodre” que logo no primeiro semestre estreou  e circulou pela região do triangulo levando nosso trem caipira para Uberaba, Ituiutaba, Patos de Minas, Iturama e finalmente Uberlândia. Foi o tempo de preparar as malas tomar um café e já estavamos dando partida no trem outra vez, desenhando um triângulo pela superfície do Brasil com seus trilhos passando por Araçuaí/MG, Campo Grande/MS, e Angra dos Reis + Ilha Grande / RJ. De volta a nossa terrinha, finalizaremos o ano na programação do festival Olhares Sobre o Corpo

E em 2011 o CTM também realizou apresentações dos espetáculos Objetos Sólidos e Elas num Tempo Irrompido, estreou o primeiro espetáculo do Núcleo 2 “As bordadeiras de Santiago”, estreou o espetáculo unipersonal de Narciso Telles “Memorial de Silêncios e Margaridas”, comemorou seu aniversário de 04 Anos com apresentações dos espetáculos, vídeos e festinha, realizou oficina e palestra de Viewpoints com Tanya Kane-Parry da Califórnia na UFU com apoio do Programa de Mestrado em Artes, reencontrou amigos que já fazem parte da nossa trajetória como o pessoal do Teatro de Operações e do Ícaros do Vale, conquistou novos amigos pelos caminhos percorridos, criou e apresentou uma nova performance “Território 122 –Trajetória dos Afetos” e agora aguardamos o fim de mais um ano com o marco desse Olhares, na espera de que o ano que se achega seja de muito trabalho, realizações, envolvimento, trocas e sobretudo muita ARTE!!!

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segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Memorial de Silêncio e Margaridas


Memorial de Silêncios e Margaridas, unipersonal de Narciso Telles, aciona como material de composição os escritos de Eduardo Galeano e narrativas de torturados e torturadores dos anos de chumbo no Brasil. O espetáculo reconstrói a memória social deste período histórico, evocando vozes e silêncios. (Narciso Telles)

Em um passado ainda recente, foram instaurados regimes ditatoriais de governo, em diversos países latinoamericanos, onde as vozes dissidentes eram caladas com muita dor, crueldade e sofrimento. A dramaturgia de Memorial de Silêncios e Margaridas é uma busca dos sentimentos humanos em meio a histórias de pessoas impedidas das coisas mais simples de seus cotidianos e, de outras tão importantes como amar e sonhar. Partimos de narrativas e silêncios das pessoas, das suas músicas, das leituras de Eduardo Galeano, de Frei Beto, de visitas ao Memorial da Resistência, no antigo prédio do DEOPS, e muitas outras investigações, na tentativa de desvelar algumas marcas dos sobreviventes, dos mutilados e queimados, mas também daqueles que estavam do outro lado, daqueles que tiveram prazer em produzir rostos sem traços, em arrancar jovens de suas casas para jogá-los depois em terrenos baldios, em sepulturas clandestinas ou até no mar. Procuramos apenas falar um pouco desses seres humanos, não no sentido da rememoração de suas dores, mas para que não esqueçamos nunca que algo aconteceu e de como poderia ter sido diferente!  (Luiz Leite)

Narciso me convidou para participar de um solo a três, para compartilhar as memórias desse processo e ser seu olhar distanciado, de fora, na medida do possível.  O processo de criação privilegiou diversas memórias: individuais e coletivas sobre um momento histórico recente que se prefere silenciar.  Pensou-se a cena como um memorial daquilo que não queremos que seja esquecido. Não porque queremos ficar presos ao passado, mas porque somente podemos esquecer aquilo que é lembrado e transformado, porque não queremos que esses atos se repitam. Meu foco foi privilegiar as associações que Narciso fazia com essas memórias que não foram vivenciadas por ele, mas que povoam nosso imaginário. Não quisemos representar a dor e o horror dessas experiências, mas criar um memorial para reflexão. (Mara Leal)

Duração:  40 min.

Ficha Técnica
Direção: Mara Leal
Atuação: Narciso Telles
Dramaturgia: Luiz Carlos Leite & Narciso Telles
Orientação vocal: Dirce Helena de Carvalho
Iluminação: Camila Barbosa Tiago
Figurinos: Mara Leal & Cátia Vianna
Sonoplastia: Cesar Lignelli & Narciso Telles
Cenografia: Emiliano Freitas
Adereços: Lucas Dilan
Operação de Luz e som: Coletivo Teatro da Margem
Costureira: Mao Minillo
Produção: Coletivo Teatro da Margem

Agradecimentos: Tiago Pimentel, Leon de Vasconcellos Telles da Silva, Vilma Campos Leite, Fernando Aleixo, Elisa Vilela, Alex Dorjó, Regina Aparecida Moraes, Coletivo Teatro da Margem, Laboratório de Interpretação/Encenação (LIE), Curso de Teatro/UFU, Tribo de Atuadores Oi Nóis Aqui Traveiz,Trupe de Truões, Associação de Teatro de Uberlândia (ATU), Instituto de Artes, Programa de Pós-Graduação em Artes, Universidade Federal de Uberlândia e a todos os novos e velhos parceiros que nos ajudaram neste processo.  

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Ator negro é agredido por policiais em Festival de Teatro de Blumenau

E-mail de Narciso Telles ao Coletivo Teatro da Margem direto do Festival Internacional de Teatro Universitário de Blumenau:

Marginais,
ontem um ator NEGRO que está participando do festival foi agredido por policias
militares com socos e coronhadas. A vários outros artistas BRANCOS que estavam
junto a agressão foi verbal. Hj fizemos uma manisfestação contra este ato de
violência, abuso de autoridade e racismo.
Penso que por conta deste episódio e outros que nosso trabalho teatral deve se
manter firme. A Saga [no Sertão da Farinha Podre] fala disto.
Fica aqui esta mensagem para que possamos seguir caminhando coletivamente juntos.

Bjs, Narciso

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Já que a internet é mais rápida que o gatilho de Jasse James, aqui vai mais comentários sobre o ocorrido:

Marcelle Louzada, via Facebook:


O belo Alexandre de Sena, artista-negro em um país da diversidade, agredido por policiais militares em Blumenau-SC, na estadia pela cidade para participar do Fitub Blumenau - Festival de Teatro. É triste demais ver a cena se repetindo durante todos esses séculos de dominação, exploração e mistificação. É realmente muito triste um país colorido como o Brasil ainda proceder com preconceito e violência. Muitas vaias a polícia militar de Blumenau!!!

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E mais informações, direto do Facebook de Alexandre de Senna, convocando os artistas presente no festival de Blumenau a participar de passeata para denunciar o ocorrido:


Ontem o artista Alexandre de Sena foi agredido por policiais em um posto de conveniência de Blumenau.
Alexandre é homem, ator, negro, dj, designer, gentil entre tantas outras coisas.
Ele está presente na cidade a convite do FITUB – Festival Internacional de Teatro Universitário de Blumenau, juntamente com a Associação No Ato Cultural, de Belo Horizonte. O Festival celebra o teatro e os bons encontros e faz isso com competência, inteligência, cores. Muitas cores. Somos artistas, somos agentes políticos, mobilizadores e formadores.
Dois policiais chegaram ao posto de conveniência, por volta de três e meia da madrugada, com a intenção de retirar as pessoas do local. Não havia baderna ou desordem. Barulho, talvez.
A maneira escolhida para dispersar o grupo foi agressiva. Uma pessoa não saiu. Estava aguardando amigos que saiam do posto de conveniência.
“Vaza, negão!”. Foi o que se ouviu. Ele não vazou e com a coragem e delicadeza dos valentes avisou que não sairia, aguardaria os amigos e que essas não são as formas certas de abordagem.
Seguiram-se socos, pontapés e coronhadas de escopeta em apenas uma pessoa.
Coronhadas de escopeta. Já viu uma escopeta? É uma arma que paralisa, mata e pelo visto, servem também para coronhadas em jovens na madrugada.
Enquanto alguns questionaram incisivamente os policiais, apenas um, justamente o que não que não questionou, apenas exerceu seu direito de ficar onde está, saiu com marcas pelo corpo. O que o diferenciava dos outros?
Junte isso a um “vaza negão” e o que se tem?
RACISMO.
Se antes o barulho era um talvez, agora o barulho é uma certeza.
Não se bate em negros, ruivos, latino-americanos, argentinos, bolivianos, chilenos, japoneses, mulheres, alemães, gays, crianças, cachorros, em ninguém.
Não se deixa marcas pelos corpos ou se dilacera almas.
O barulho é nosso. As cores são nossas.
Dezenas de pessoas viram. Pessoas de Blumenau, de Minas Gerais, da Argentina e de outros locais.
Quinta – feira, dia 14 de Julho, vamos do Teatro Carlos Gomes até o IML juntos.
Quando se agride uma pessoa, nos sentimos todos agredidos. Iremos todos juntos, fazer exame de corpo de delito. Nossas marcas, ao contrário das de Alexandre, não são aparentes. Mas estamos todos feridos.
14 de Julho, quinta-feira, 09:30 da manhã, do Teatro Carlos Gomes ao IML

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“AQUI NÃO É O SEU LUGAR! vaza negão!” ¿fala do espetáculo A Saga no Sertão da Farinha Podre? Não! De um policial militar na madrugada do dia 13 de julho em Blumenau.

Relato pormenorizado de Alexandre de Sena sobre o ocorrido!http://picumah.blogspot.com/20​11/07/o-que-nao-vaza-e-pele.ht​ml