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domingo, 14 de agosto de 2011

As Bordadeiras de Santiago




" Algumas tecelãs ao bordarem seus problemas descobrem que eles são feios.Nesse momento passam juntas a desvelar histórias e memórias da condição das mulheres latino-americanas .”
Espetáculo tecido a partir de contos e Eduardo Galeano


Em um tempo não muito distante, em um lugar chamado América Latina, alguns generais se acharam no direito de decidir quem deveria viver ou morrer! A ausência de um filho, irmão, amiga, professora, colega de sala ou qualquer outra pessoa amada, indicava a possibilidade de uma vida interrompida, de um futuro que não se realizaria, ou no mínimo seria diferente, carregando marcas de dor e sofrimento. Mas, também reclamar a quem se amava era proibido. Era uma vez...  Mães, esposas, filhas e irmãs  se  reuniam para falar de seu silêncio, de suas dores e, enganaram os tais generais, pois apesar de proibidas, bordavam  em simples sacos de estopas com linhas, papéis e flores essas dores e, revelaram ao mundo o que os portadores de medalhas banhadas em sangue não puderam entender.
A proposta do espetáculo As bordadeiras de Santiago é a de reunir três mulheres a bordarem suas histórias. A dor verdadeira, somente a essas bravas mulheres pertence de verdade!


Este projeto foi contemplado pelo Programa de bolsas de Iniciação Artística (DICULT/PROEX/UFU​) e está vinculado ao projeto de pesquisa: "Aprender a aprender: Os Viewpoints como procedimento de criação e jogo”.

Realização: Núcleo 2- Coletivo Teatro da Margem
Direção: Narciso Telles
Assistente de direção : Marcella Prado
Dramaturgia: Luis Leite

Elenco: Aline Jorge
Eluhara Resende
Thábatta Nayara

sábado, 13 de agosto de 2011

fragmentos de As bordadeiras de santiago...



...se falar disso era também crime e proibição, a dor pela espera da chegada de quem era muito aguardado não podia ser roubado, mesmo ao imaginar as dores e sofrimentos
incrustada na alma. Neste lugar, a fome é a companheira do meu povo. Sei muito bem o que é isso!
A mesma terra que nos oferece o alimento,enterra nossos mortos...enterrou meu pai..e enterrou também aquele que seria meu marido,a quem eu tanto amava..e tantos outros poetas e cantores.. O tempo da minha vida está se acabando e, com ele a esperança de ter um filho vindo do meu próprio ventre.
xxxxx é o meu nome e fiz votos de pobreza, castidade e obediência,.Mesmo assim sou mãe de muitos filhos...
Nessa saia trago as minhas historias e as histórias dos outros.Mas elas insistem em se misturar...
Eu acho que é porque quase todas elas também têm fome... e tem a guerra e a maldita revolução que já enterrou tanta gente...
Quando era criança e tinha fome, mamãe dizia para sentirmos o cheiro das flores, para cantarmos e ..cantávamos e cheirávamos as flores...ainda sinto fome..ainda sinto o cheiro das flores...
Acho que eu já não tenho mais medo da revolução..somente ódio! Não sei se essa lembrança é minha.
Me chamam de a mãe dos pobres e só queria que a terra me enterrasse lentamente..docemente..só queria que demorasse um pouco mais,que houvesse tempo de eu ver um dia,um só dia nessa vida em que não houvesse dor,que não houvesse fome e que as pessoas não morressem por cantar a vida!
Daí ela poderia me guardar para sempre!

Elhuara, Aline e Tábata:
Com amor a vocês, está ai o fragmento do que o Eduardo Galeano nos disse, do que o Narciso projetou, do que eu acredito e, principalmente do que nossas mulheres latinas viveram e VIVEM ! Sintam o cheiro das flores
Luiz Carlos Leite