sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Quimera sobre Ópio e Pandora

HOJE às 20:00hs acontece a pré-estréia do filme "Quimera sobre Ópio e Pandora" no Auditório Cícero Diniz - Prefeitura Municipal de Uberlândia.


O filme contou com a participação das meninas do Coletivo no elenco principal - Nadia, Priscilla, Marina e Marcella - e com a figuração de Lucas e Samuel nas cenas filmadas em Guaxupé.


Considero esse filme como a primeira incursão do CTM no meio cinematográfico. Que venham muitas mais. Pelo convite de nosso querido Flávio Citton as meninas se entregaram a aventura de atuar para o olhar da câmera. Com certeza uma experiência que ficará marcada na nossa história.

Direção, Roteiro, Produção e Edição: Flávio Citton
Direção de Arte, Produção: Castor, Luana Magrela
Direção de Produção: Gustavo Henrique Ferreira
Fotografia: Leandro Texera, Flavio Citton
Gestão Financeira: Ana Carolina Bucci
Coreografia: Lucas Laender
Assistente de Direção: Castor
Story Board: Matheus Pitti
Still: Luana Magrela, Maco Nagoa, Thiago Carvalho

Elenco:
Monique Alves
Nádia Yoshi
Priscilla Bello
Leon de Aguiar
Marcella Prado
Marina Ferreira
Yaska Antunes
Ana Reis




O longa metragem experimental é uma produção local 
e foi realizado através da Lei Muncipal de Incentivo à Cultura e de inúmeros apoiadores.

A entrada é franca, vamos prestigiar!

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Fotos da Oficina de Viewpoints na Trupe de Truões

Está rolando durante esse mês a oficina gratuita de Viewpoints ministrada pelos membros do Coletivo Teatro da Margem na sede da Trupe de Truões.

Confiram as fotos da oficina que rolou hoje pela manhã:

Oficina Viewpoints 2010-10-27

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Processo de Criação Saga #04 - Dos Dias que me parecem os primeiros

Sinto que engrenamos.
Depois de empurrar o carro ladeira acima, com tantos desvios, paradas para descanso, e ausência de uns e de outros, me parece que chegou o momento de deixá-lo descer na banguela para a esperada ignição[i] de nosso motor.
E vamos juntos em alta velocidade.
Muita coisa já se encaminha. Sabemos o rumo da corrida, mas ainda não onde vai dar. Ansiamos, vislumbramos paisagens, mas podemos ainda nos surpreender pelo devir, pela curva do vento, pelo subir da maré.
Na conjunção astral desses seres que nos guiam pela mão, no batuque, no canto, ou em professias dramatúrgicas e encenatórias, traçaremos nossa saga. Ainda à espera daquele que nos cobrirá com mantos ou farrapos e daquele que concretizará nossa paisagem cenográfica.
O que temos hoje é uma chegança sonora quem vem a trem em tom de sertaneja congada executada por banda marcial carnavalesca circense, seguida pela revolta da Vaca Profana Antigona, dona de divinas tetas, contra o tirano Touro Creonte de uma manada decadente, a expulsão dos bois da terra a mando do desenvolvimento da Grande Cidade, aquela que sempre muda de figurino, a princesa do triangulo, a mis sertão da farinha podre, a maravilha do cerrado, a serpente do paraíso, onde sucedeu a famosa história da paixão, morte e pseudo-ressurreição de um pobre João de Deus, poeta e relojoeiro, santificado pelos próprios matadores e elevado à categoria de milagreiro com asas de janelas que lhe pesam nas costas, e a vontade de desenterrar o resto de história que cabe a esse sertão esquecido, submerso num deserto de farinha podre.

Para sonhar e ser feliz:
Letra e vídeo da música Vaca Profana.
(Sefundissemos Lucas e Priscilla numa mesma pessoa qual seria o resultado? Lucas+Priscilla=Gal Costa [Diz que não!])


Respeito muito minhas lágrimas
Mas ainda mais minha risada
Inscrevo, assim, minhas palavras
Na voz de uma mulher sagrada
Vaca profana, põe teus cornos
Pra fora e acima da manada
Vaca profana, põe teus cornos
Pra fora e acima da man...
Ê, ê, ê, ê, ê,
Dona das divinas tetas
Derrama o leite bom na minha cara
E o leite mau na cara dos caretas

Segue a "movida Madrileña"
Também te mata Barcelona
Napoli, Pino, Pi, Paus, Punks
Picassos movem-se por Londres
Bahia, onipresentemente
Rio e belíssimo horizonte
Bahia, onipresentemente
Rio e belíssimo horiz...
Ê, ê, ê, ê, ê,
Vaca de divinas tetas
La leche buena toda en mi garganta
La mala leche para los "puretas"

Quero que pinte um amor Bethânia
Stevie Wonder, andaluz
Como o que tive em Tel Aviv
Perto do mar, longe da cruz
Mas em composição cubista
Meu mundo Thelonius Monk`s blues
Mas em composição cubista
Meu mundo Thelonius Monk`s...
Ê, ê, ê, ê, ê,
Vaca das divinas tetas
Teu bom só para o oco, minha falta
E o resto inunde as almas dos caretas

Sou tímido e espalhafatoso
Torre traçada por Gaudi
São Paulo é como o mundo todo
No mundo, um grande amor perdi
Caretas de Paris e New York
Sem mágoas, estamos aí
Caretas de Paris e New York
Sem mágoas estamos a...
Ê, ê, ê, ê, ê,
Dona das divinas tetas
Quero teu leite todo em minha alma
Nada de leite mau para os caretas

Mas eu também sei ser careta
De perto, ninguém é normal
Às vezes, segue em linha reta
A vida, que é "meu bem, meu mal"
No mais, as "ramblas" do planeta
"Orchta de chufa, si us plau"
No mais, as "ramblas" do planeta
"Orchta de chufa, si us...
Ê, ê, ê, ê, ê,
Deusa de assombrosas tetas
Gotas de leite bom na minha cara
Chuva do mesmo bom sobre os caretas...


[i] A Ignição é um dispositivo que inflame o fogo. Muitos dispositivos de ignição obtêm sua energia do poder humano dos músculos, mas outros usam a luz solar, a energia química, ou a eletricidade.

domingo, 24 de outubro de 2010

POESIA - CTM

Floca fauna floca, diante de ti vejo e olho
Olho branco desprovido de pálpebras, no entre abre entre fecha descubra o entre
Entre seus olhos olhar de ti olha para mim diante de você
Você, que está sentado sob essa luz alucinante, ob a lente cortante que reflete e bufa da superfície vermelha
Vermelha e minha tristeza que de tão triste até desconheço sua cor
Quero escrever para ela e dizer toda sua esfera seu texto sua sabedoria de toda escrita quando te respondo
Respondo a sua pergunta? Desculpa, mas nem pra tudo tenho resposta
Resposta simplesmente pra ela ouvi toda sua renovação sua voz estranha sua voz que me diz e me corresponde.

LUCAS E PRISCILLA, 19/11/2009

Rangendo os calcanhares perfurados por si
Si tornar-se pra si, para si então seria o que exatamente?
Seria o ser se este não estivesse esquecido
Esquecido em pontas agudas metálicas
Metálicas estruturas metálicas por onde passo sobre meu ser completamente despido aos meus próprios olhos
Olhos sem pálpebras, seco, caminhando na terra úmida
Úmida na transparência do novo ambiente que me envolve
Envolve simplesmente envolve o embaralhado contigente contingente, continente incontinente, não sei. Qual é a referência que me é dada?
Pelos olhos eu absorvo o que posso. Também pela pele.
Pele fina, frágil, sensível perfuração do prego hostil hostil... hostil... hostil reflexo... substantivo
Substantivo é o nome das coisas. Começa com letra maiúscula ou minúscula. Depende.
Das coisas prego.

CAMILA, LUCAS E PRISCILLA, 15/03/2010.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

poeminhas FRINGE








A todos vocês que nunca viram a Cia. dos Atores...

Você é um fracassado!!! Você é um fracassado!!!

Eu não vi e isso me causou ira!

Paçoca!

Desde sábado que ninguém me liga...

Calma! Conforto e Cultura, é Baby

Escreve isso aí

Estou escrevendo

O que foi que a gente fez!

Isso é uma pergunta?

Assistimos peças boas...

Ora! Isso não é[qui]xiste
Silêncio [luz] respiro penso

Penso novamente

Escute! Escute! chrict (som de mastigar skini)

Ei! Me dá uma bolacha
Só uma ta?

Ãhn Ãhn

Obrigado

E acabo existindo

Não, não acabou não

Não ainda

O fio, o frio, o crime

O quê? Está me consumindo

Sinusite da tristeza

Fome do veto, do VETO!

Não devo ser ético

Sem coerência

Sem valor, não devo ter valor

Afinal, até onde vai...

Vai, vai, vai pro ônibus menina

Ah! A gente entende, né.

Pára de mexer com os outros

Vai pro fim da fila!

Viadagem.

Peido do motorista

O motorista (Ele) ta abraçado com o outro

Deixa...

E vai, a cena.

Interativa!

E não esqueça seus óculos.

Cena 2

(O começo no ônibus)

Ônibus mucho color que anda en el mar caliente.

Caliente! Ai como estoy caliente!

Caliente es el fuego do inferno

Inferno que é barca

Barca do inferno, inferno de Dante.

Dante, gigante, amante do Luís.

Luís Carlos Leite foi excluído do poema

Poema e poemas vou declamar para o motorista.

Motorista de longas jornadas

Jornadas alucinantes comandadas pelo mega-blaster maquiador Coletivo, Dilon.

Dilon, amigão, do tamanho de Iemanjá.

Iemanjá captou a freqüência do meu pensamento.

Pensamento que me leva ao Vale de Lágrimas quando vejo os cabelos de Afonso
Afonso, insano ou santo?

Santo, santo, santo. Santo é o Senhor que nos salva.

Salva, salve, sinta o cinto.

Cinto na bunda do menino mau.

Mau mesmo eram os ratos que ficaram ao lado da igreja em Curitiba.

Curitiba, etc, etc, etc e tal.

Tal qual a garatuja ensandecida.

Ensandecida, eu grito um tempo em que os cantos foram desaparecendo.

Desaparecendo da face da Terra.

Cena 3 Poeminha.

Trinta e um de março de dois mil e nove

Nove patinhos estão dormindo com suas cabeças vermelhas

Vermelhas cerejas suculentas como o cupuaçu do norte

Norte azul que me incendeia

Incendeia minhas idéias cheias de marimbondo

Marimbondo me picou na testa

Testa maldita chegarei até seu cérebro

Cérebro e suas conexões elétricas, sinapses e sinopses

Sinopses, sinos, sinais, silêncio

Silêncio é um desejo, às vezes impossível mas que diz muito

Impossível não terminar aqui.

Oficina de Viewpoints no Ponto de Cultura da Trupe de Truões


A Oficina
O objetivo desta oficina é propiciar aos participantes o contato com a prática dos Viewpoints Físico e Vocais experimentando-os como material concreto para a composição cênica, permitindo que constatem na corporeidade e na relação com o espaço/tempo um caminho seguro para a criação.
Os Viewpoints
(Pontos de Vista) tratam-se de conceitos elaborados originalmente por Mary Overlie durante a década de 70 e propõe uma estrutura para a improvisação da dança com base no tempo e no espaço dividida em seis elementos – Espaço, Forma, Tempo, Emoção, Movimento e História.
Subseqüentemente, seu trabalho influenciou diversas gerações de artistas do teatro. Em 1987, as diretoras Tina Landau e Anne Bogart (SITI Company) encontraram-se quando trabalharam no Repertório Americano do Teatro em Cambridge, (American Repertory Theatre in Cambridge, MA). Nos dez anos seguintes, elas colaboraram extensivamente, experimentando os Viewpoints teatralmente e expandiram gradualmente os seis Viewpoints de Mary Overlie a nove Viewpoints Físicos (Relacionamento Espacial, Resposta Cinestésica, Forma, Gesto, Repetição, Arquitetura, Tempo, Duração E Topografia) e cinco Viewpoints Vocais (altura, volume, timbre, aceleração/desaceleração e pausa).
Passados mais de vinte anos, a prática dos Viewpoints inflamou as imaginações dos coreógrafos, bailarinos, atores, diretores, designers, dramaturgos e escritores. Hoje são ensinados pelo mundo inteiro e usados por muitos artistas do teatro e da dança nos processos de ensaio e treinamento.

Local: Ponto de Cultura da Trupe de Truões
Incrições Gratuitas pelo Link (Clique Aqui) ou direto no Local

quinta-feira, 14 de outubro de 2010


Tem uma pessoa do Coletivo que está em Portugal!
Por acaso têm acompanhado o processo de trabalho?
Tem recebido notícias?
Mande-as também Nádia

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Processo de Criação Saga #03 - Desenterrar

Podemos "desenterrar" uma inocente vítima da ganância e disputa de grupos políticos em certa cidade do Brasil no final dos anos 50?








A primeira fase do projeto Saga... passa pela Antígona que, em nome dos laços de Sangue, desafia o poder do Estado. Poder organizado como o desejava Platão em sua República.

Mas de nada adianta expulsar os artistas da cidade ideal. Eles voltarão para desenterrar seus mortos, pois é preciso lembrar que “o diálogo com os mortos não deve ser interrompido até que desvelem o futuro que com eles foi enterrado" (Heiner Muller)




terça-feira, 5 de outubro de 2010

Processo de Criação Saga #02 - O JULGAMENTO DE UM POETA




VOZ GRAVADA
No ano passado foi julgado na União Soviética o poeta Joseph Brodsky. Aqui estão trechos taquigráficos de seu julgamento.

(Acende-se a luz sobre Paulo e Vianna)

PAULO
Qual é seu nome?

VIANNA
Joseph Brodsky

PAULO
Qual é sua ocupação?

VIANNA
Escrevo poemas. Traduzo. Suponho que...

PAULO
Não interessa o que o senhor supõe. Fique em pé respeitosamente. Não se encoste na parede. Olhe para a corte. Responda com respeito. O senhor tem um trabalho regular?

VIANNA
Pensei que fosse um trabalho regular.

PAULO
Dê uma resposta precisa.

VIANNA
Eu escrevia poemas: julguei que seriam publicados. Supus...

PAULO
Não interessa o que o senhor supõe. Responda porque não trabalhava.

VIANNA
Eu trabalhava; eu escrevia poemas.

PAULO
Isso não interessa. Queremos saber a que instituição o senhor estava ligado.

VIANNA
Tinha contatos com uma editora.

PAULO
Há quanto tempo o senhor trabalha?

VIANNA
Tenho trabalhado arduamente.

PAULO
Ora, arduamente! Responda certo.

VIANNA
Cinco anos.

PAULO
Onde o senhor trabalhou?

VIANNA
Numa fábrica, em expedições geológicas...

PAULO
Quanto tempo trabalhou na fábrica?

VIANNA
Um ano.

PAULO
E qual é seu trabalho real?

VIANNA
Eu sou um poeta. E tradutor de poesia.

PAULO
Quem reconheceu o senhor como poeta e lhe deu um lugar entre eles?

VIANNA
Ninguém. E quem me deu um lugar entre a raça humana?

PAULO
O senhor aprendeu isso?

VIANNA
O quê?

PAULO
A ser poeta? Não tentou ir a uma universidade onde as pessoas são ensinadas, onde aprendem?

VIANNA
Não pensei que isso pudesse ser ensinado.

PAULO
Então como...?

VIANNA
Eu pensei que... por vontade de Deus...

PAULO
É possível ao senhor viver do dinheiro que ganha?

VIANNA
É possível. Desde que me prenderam sou assinado a assinar um documento, todos os dias, declarando que gastam comigo quarenta copeques. Eu ganhava mais do que isso por dia.

PAULO
O senhor não precisa de ternos, sapatos?

VIANNA
Eu tinha um terno. É velho, mas é um bom terno. Não preciso de outro.

PAULO
Os especialistas aprovaram seus poemas?

VIANNA
Sim, fui publicado na Antologia do Poetas Inéditos e fiz leituras de traduções para o polonês.

PAULO
Seria melhor, Brodsky, que explicasse à corte porque não trabalhava no intervalo de seus trabalhos.

VIANNA
Eu trabalhava. Eu escrevia poemas.

PAULO
Mas existem pessoas que trabalham em uma fábrica e escrevem poemas ao mesmo tempo. O que o impediu de fazer isso?

VIANNA
As pessoas não são iguais. Mesmo a cor dos olhos, dos cabelos... a expressão do rosto.

PAULO
Isso não é novidade. Qualquer criança sabe disso. Seria melhor que explicasse qual a sua contribuição para o movimento comunista.

VIANNA
A construção do comunismo não significa somente o trabalho do carpinteiro ou o cultivo do solo. Significa também o trabalho intelectual, o...

PAULO
Não interessam as palavras pomposas. Responda como pretende organizar suas atividades de trabalho no futuro.

VIANNA
Eu queria escrever poesia e traduzir. Mas se isso contraria a regra geral, arranjarei um trabalho... e escreverei poesia.

PAULO
O senhor tem algum pedido a fazer a corte?

VIANNA
Eu gostaria de saber porque fui preso.

PAULO
Isso não é um pedido; é uma pergunta.

VIANNA
Então não tenho nenhum pedido.

(As luzes se acendem sobre os dois, e um foco se acende sobre a atriz.)

TEREZA
Brodsky foi condenado a cinco anos de trabalhos forçados, numa fazenda estatal de Arcangel, na função de carregador de estrume. O poeta tinha vinte e quatro anos.

(Escuridão)