segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

OBJETOS SÓLIDOS

Espasmos. Recolhermo-nos em nós mesmos numa tentativa de ir ao encontro do ser. "Por vezes é estando fora de si que o ser experimenta consistências" (Bachelard). Objetos Sólidos traduz a investigação do corpo movimento e suas reverberações espásmáticas ou não, nos possíveis ambientes em que possa acontecer.


Dias: 10 e 13/12/2010
Horário: 16:00 horas
Local: Sala de Encenação, Bloco 3M - UFU Campus Santa Mônica


Concepção e Performance: Jhonatan Rios e Priscilla Bello
Operação som: Marina Ferreira
Cenário, criação: Jhonatan Rios e Priscilla Bello
Execução: Noé Procópio Vieira
Figurino, criação: Jhonatan Rios e Priscilla Bello

domingo, 5 de dezembro de 2010

terça-feira, 30 de novembro de 2010

UM BOI VÊ OS HOMENS - Carlos Drummond de Andrade

Tão delicados (mais que um arbusto) e correm
e correm de um para o outro lado, sempre esquecidos
de alguma coisa. Certamente, falta-lhes
não sei que atributo essencial, posto se apresentem nobres
e graves, por vezes. Ah, espantosamente graves,
até sinistros. Coitados, dir-se-ia que não escutam
nem o canto do ar nem os segredos do feno,
como também parecem não enxergar o que é visível
e comum a cada um de nós, no espaço.E ficam tristes
e no rasto da tristeza chegam à crueldade.
Toda a expressão deles mora nos olhos – e perde-se
a um simples baixar de cílios, a uma sombra.
Nada nos pêlos, nos extremos de inconcebível fragilidade,
e como neles há pouca montanha,
e que secura e que reentrâncias e que
impossibilidade de se organizarem em formas calmas,
permanentes e necessárias. Têm, talvez,
certa graça melancólica (um minuto) e com isto se fazem
perdoar a agitação incômoda e o translúcido
vazio interior que os torna tão pobres e carecidos
de emitir sons absurdos e agônicos: desejo, amor, ciúme
(que sabemos nós?), sons que se despedaçam e tombam no campo
como pedras aflitas e queimam a erva e a água,
e difícil, depois disto, é ruminarmos nossa verdade.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Processo de Criação #07 - Das Glândulas Exócrinas que tem como função a produção de leite


  Vamos para o Sertão da Farinha Podre:  
  Estamos a 18° 55' 08" de latitude sul  
  48°16'37" longitude Oeste  
  e 776 m de altitude  



    Nesse lugar "Super, ultra, top" - do alemão Über estão as glândulas exócrinas que tem como função a produção de leite - presente nos mamíferos.    

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Processo de Criação Saga #06 - Dos Bois meu Boi

Procurando pelo meu Boi Interior, acabei encontrando o trabalho de uma artista chamada Crystal Thomas que cria mosaicos em crânio bovino. Essas imagens chegaram bem próximo do que imagino para a construção do meu boi, pensando no crânio do boi pintado de forma carnavalesca lembrando as máscaras de Clóvis que já pensamos em utilizar como proposta de figurino.

Vejam as imagens da obra dessa artista:





segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Segundo Experimento Solo: O Musgo

Fotos do Segundo Experimento Solo: O Musgo, de Samuel Giacomelli, apresentado no dia onze do onze de dois mil e dez às onze horas na programação do Festival Musgo.






Matéria sobre a apresentação no Blog do Coletivo Tamboril

.

domingo, 7 de novembro de 2010

Portal MIU cobre a pré-estréia do filme: Quimera sobre Ópio e Pandora

No dia 29/10 às 20h aconteceu a pré-estréia do filme "Quimera sobre Ópio e Pandora" no Auditório Cícero Diniz - Prefeitura Municipal de Uberlândia. Depois do filme Jamile Salomão repórter enviada do Portal MIU conversou com Flávio Citton (Direção, Roteiro, Produção e Edição), Castor e Luana Magrela (Direção de Arte, Produção) e com as atrizes Marina Ferreira e Priscilla Bello do Coletivo Teatro da Margem.



www.portalmiu.blogspot.com
twitter: @portalMIU
contato: portalmiu@gmail.com

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Performance Das Cadeiras na última noite do Jambolada 2010


INTE(G)RAÇÃO

28 de Outubro de 2010, por Palco Fora do Eixo - Sem comentários ainda
Com uma média de duas apresentações por dia, o JamboEncena – dentro do Jambolada – conseguiu interagir muito bem com o público. Além da arena central ocupada pela música, tivemos um ponto ocupado pelo Clube de Cinema quase que constantemente e ações do Palco Fora do Eixo ocupando o salão que conectava aqueles dois ambientes aproveitando o fluxo de pessoas e a área externa, usada para descanso, cigarro, respiro e...performances .
Num evento em que não havia intervalo entre uma banda e outra – dois palcos, qunado um para o outro começa – o público optava por circular, tomar um ar e no caminho deparava com apresentações de malabarismo, performances e teatro. Algumas apresentações chegaram a juntar rodas de pessoas que acompanhavam de perto as atividades do PFE naquele momento. Em alguns momentos, mesmo com vergonha e receio, a vontade e a curiosidade do público de participar completou nossas expectativas.
A baixo, um vídeo de um rapaz que estava no público e deu um depoimento sobre sua breve experiência com a Performance das Cadeiras que foi realizada pelo Coletivo Teatro da Margem no domingo.


A experiência foi muito boa e a proposta de integração das artes parece estar cada vez mais estruturada e conquistando seu espaço aos poucos dentro de festivais que consideramos referências para que a proposta das artes integradas ganhe força.

Artur Faleiros
Enxame Coletivo
Palco Fora do Eixo

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Processo de Criação Saga #05 - 30/11/2010

Musica... Instrumentos... um Trem.. pra onde vamos? Nos deparamos com uma "Chegança " em pleno Sertão...Um Trem Caipira com surdos, tamborins, patagonas, saxafone, caixas e trompete.. um cavaquim e um arcodión ...(ainda por vir)
Uma Vaca Profana cantada do agudo ao grave...
Uma Antígona...uma vaca profona...um touro.. um Creonte... e nós em cena...Saimos do lugar???Uma caminhada ou uma subida? Pra onde? Para um sorteio que direciona os atores....
Rumo a bois, rumo a farinha, a uma tourada, a uma lamentação....
Óculos, camisas na cara, cabeças de boi, espingardas de chumbo, o que mais???o que mais cabe???

Adriana Moreira

Poesia - 24/08/2009 - Em rota: Rio de Janeiro

O homem é um anjo montado num porco
Porco, canalha, estrume... da sua gripe suína
Suína é a lama em que vivem os homens com suas futiliades. Futilidades fruticam flores
Flores, Margaridas amarelas, que se despetalavam lento e suavemente entramos para jantar
Jantar a dois a luz de velas
Veias palpitantes que gritam no impulso de nos dizer que somos mais que criaturas mesquinhas e rancorosas. O sangue quente quer brotar da pele.
Pele, carcaça, distinta de tanta e tanto holocausto de me refazer

PRISCILLA, LUCAS, SAMUEL, JHONATAN, NÁDIA, AFONSO E MARCELLA

E dale compostagem! DAle compostagem porque é preciso ir além.
Além, amém, acém é carne
Carne que sangra um líquido amarelado como a margarida que se despetava, despetalava, despedaçada, descontrolava e ria, ria sem parar
Parar, pensar e começar de novo
De novo, de voto, de voro, de nome, de mente, o piscar do olho que enxerga o limear da fresta fresca. Boca fresca
Fresca tua severa musa
Musa justa de ti mi amore amora doce
Doce escuridão. O colorido da sombra envolvente entorpece os sentidos e
E ai? Serei poético agora.
Agora, passa-se por nós.
Nós somos poéticos.

PRISCILLA, LUCAS, SAMUEL, JHONATAN, NÁDIA, AFONSO E MARCELLA

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Quimera sobre Ópio e Pandora

HOJE às 20:00hs acontece a pré-estréia do filme "Quimera sobre Ópio e Pandora" no Auditório Cícero Diniz - Prefeitura Municipal de Uberlândia.


O filme contou com a participação das meninas do Coletivo no elenco principal - Nadia, Priscilla, Marina e Marcella - e com a figuração de Lucas e Samuel nas cenas filmadas em Guaxupé.


Considero esse filme como a primeira incursão do CTM no meio cinematográfico. Que venham muitas mais. Pelo convite de nosso querido Flávio Citton as meninas se entregaram a aventura de atuar para o olhar da câmera. Com certeza uma experiência que ficará marcada na nossa história.

Direção, Roteiro, Produção e Edição: Flávio Citton
Direção de Arte, Produção: Castor, Luana Magrela
Direção de Produção: Gustavo Henrique Ferreira
Fotografia: Leandro Texera, Flavio Citton
Gestão Financeira: Ana Carolina Bucci
Coreografia: Lucas Laender
Assistente de Direção: Castor
Story Board: Matheus Pitti
Still: Luana Magrela, Maco Nagoa, Thiago Carvalho

Elenco:
Monique Alves
Nádia Yoshi
Priscilla Bello
Leon de Aguiar
Marcella Prado
Marina Ferreira
Yaska Antunes
Ana Reis




O longa metragem experimental é uma produção local 
e foi realizado através da Lei Muncipal de Incentivo à Cultura e de inúmeros apoiadores.

A entrada é franca, vamos prestigiar!

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Fotos da Oficina de Viewpoints na Trupe de Truões

Está rolando durante esse mês a oficina gratuita de Viewpoints ministrada pelos membros do Coletivo Teatro da Margem na sede da Trupe de Truões.

Confiram as fotos da oficina que rolou hoje pela manhã:

Oficina Viewpoints 2010-10-27

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Processo de Criação Saga #04 - Dos Dias que me parecem os primeiros

Sinto que engrenamos.
Depois de empurrar o carro ladeira acima, com tantos desvios, paradas para descanso, e ausência de uns e de outros, me parece que chegou o momento de deixá-lo descer na banguela para a esperada ignição[i] de nosso motor.
E vamos juntos em alta velocidade.
Muita coisa já se encaminha. Sabemos o rumo da corrida, mas ainda não onde vai dar. Ansiamos, vislumbramos paisagens, mas podemos ainda nos surpreender pelo devir, pela curva do vento, pelo subir da maré.
Na conjunção astral desses seres que nos guiam pela mão, no batuque, no canto, ou em professias dramatúrgicas e encenatórias, traçaremos nossa saga. Ainda à espera daquele que nos cobrirá com mantos ou farrapos e daquele que concretizará nossa paisagem cenográfica.
O que temos hoje é uma chegança sonora quem vem a trem em tom de sertaneja congada executada por banda marcial carnavalesca circense, seguida pela revolta da Vaca Profana Antigona, dona de divinas tetas, contra o tirano Touro Creonte de uma manada decadente, a expulsão dos bois da terra a mando do desenvolvimento da Grande Cidade, aquela que sempre muda de figurino, a princesa do triangulo, a mis sertão da farinha podre, a maravilha do cerrado, a serpente do paraíso, onde sucedeu a famosa história da paixão, morte e pseudo-ressurreição de um pobre João de Deus, poeta e relojoeiro, santificado pelos próprios matadores e elevado à categoria de milagreiro com asas de janelas que lhe pesam nas costas, e a vontade de desenterrar o resto de história que cabe a esse sertão esquecido, submerso num deserto de farinha podre.

Para sonhar e ser feliz:
Letra e vídeo da música Vaca Profana.
(Sefundissemos Lucas e Priscilla numa mesma pessoa qual seria o resultado? Lucas+Priscilla=Gal Costa [Diz que não!])


Respeito muito minhas lágrimas
Mas ainda mais minha risada
Inscrevo, assim, minhas palavras
Na voz de uma mulher sagrada
Vaca profana, põe teus cornos
Pra fora e acima da manada
Vaca profana, põe teus cornos
Pra fora e acima da man...
Ê, ê, ê, ê, ê,
Dona das divinas tetas
Derrama o leite bom na minha cara
E o leite mau na cara dos caretas

Segue a "movida Madrileña"
Também te mata Barcelona
Napoli, Pino, Pi, Paus, Punks
Picassos movem-se por Londres
Bahia, onipresentemente
Rio e belíssimo horizonte
Bahia, onipresentemente
Rio e belíssimo horiz...
Ê, ê, ê, ê, ê,
Vaca de divinas tetas
La leche buena toda en mi garganta
La mala leche para los "puretas"

Quero que pinte um amor Bethânia
Stevie Wonder, andaluz
Como o que tive em Tel Aviv
Perto do mar, longe da cruz
Mas em composição cubista
Meu mundo Thelonius Monk`s blues
Mas em composição cubista
Meu mundo Thelonius Monk`s...
Ê, ê, ê, ê, ê,
Vaca das divinas tetas
Teu bom só para o oco, minha falta
E o resto inunde as almas dos caretas

Sou tímido e espalhafatoso
Torre traçada por Gaudi
São Paulo é como o mundo todo
No mundo, um grande amor perdi
Caretas de Paris e New York
Sem mágoas, estamos aí
Caretas de Paris e New York
Sem mágoas estamos a...
Ê, ê, ê, ê, ê,
Dona das divinas tetas
Quero teu leite todo em minha alma
Nada de leite mau para os caretas

Mas eu também sei ser careta
De perto, ninguém é normal
Às vezes, segue em linha reta
A vida, que é "meu bem, meu mal"
No mais, as "ramblas" do planeta
"Orchta de chufa, si us plau"
No mais, as "ramblas" do planeta
"Orchta de chufa, si us...
Ê, ê, ê, ê, ê,
Deusa de assombrosas tetas
Gotas de leite bom na minha cara
Chuva do mesmo bom sobre os caretas...


[i] A Ignição é um dispositivo que inflame o fogo. Muitos dispositivos de ignição obtêm sua energia do poder humano dos músculos, mas outros usam a luz solar, a energia química, ou a eletricidade.

domingo, 24 de outubro de 2010

POESIA - CTM

Floca fauna floca, diante de ti vejo e olho
Olho branco desprovido de pálpebras, no entre abre entre fecha descubra o entre
Entre seus olhos olhar de ti olha para mim diante de você
Você, que está sentado sob essa luz alucinante, ob a lente cortante que reflete e bufa da superfície vermelha
Vermelha e minha tristeza que de tão triste até desconheço sua cor
Quero escrever para ela e dizer toda sua esfera seu texto sua sabedoria de toda escrita quando te respondo
Respondo a sua pergunta? Desculpa, mas nem pra tudo tenho resposta
Resposta simplesmente pra ela ouvi toda sua renovação sua voz estranha sua voz que me diz e me corresponde.

LUCAS E PRISCILLA, 19/11/2009

Rangendo os calcanhares perfurados por si
Si tornar-se pra si, para si então seria o que exatamente?
Seria o ser se este não estivesse esquecido
Esquecido em pontas agudas metálicas
Metálicas estruturas metálicas por onde passo sobre meu ser completamente despido aos meus próprios olhos
Olhos sem pálpebras, seco, caminhando na terra úmida
Úmida na transparência do novo ambiente que me envolve
Envolve simplesmente envolve o embaralhado contigente contingente, continente incontinente, não sei. Qual é a referência que me é dada?
Pelos olhos eu absorvo o que posso. Também pela pele.
Pele fina, frágil, sensível perfuração do prego hostil hostil... hostil... hostil reflexo... substantivo
Substantivo é o nome das coisas. Começa com letra maiúscula ou minúscula. Depende.
Das coisas prego.

CAMILA, LUCAS E PRISCILLA, 15/03/2010.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

poeminhas FRINGE








A todos vocês que nunca viram a Cia. dos Atores...

Você é um fracassado!!! Você é um fracassado!!!

Eu não vi e isso me causou ira!

Paçoca!

Desde sábado que ninguém me liga...

Calma! Conforto e Cultura, é Baby

Escreve isso aí

Estou escrevendo

O que foi que a gente fez!

Isso é uma pergunta?

Assistimos peças boas...

Ora! Isso não é[qui]xiste
Silêncio [luz] respiro penso

Penso novamente

Escute! Escute! chrict (som de mastigar skini)

Ei! Me dá uma bolacha
Só uma ta?

Ãhn Ãhn

Obrigado

E acabo existindo

Não, não acabou não

Não ainda

O fio, o frio, o crime

O quê? Está me consumindo

Sinusite da tristeza

Fome do veto, do VETO!

Não devo ser ético

Sem coerência

Sem valor, não devo ter valor

Afinal, até onde vai...

Vai, vai, vai pro ônibus menina

Ah! A gente entende, né.

Pára de mexer com os outros

Vai pro fim da fila!

Viadagem.

Peido do motorista

O motorista (Ele) ta abraçado com o outro

Deixa...

E vai, a cena.

Interativa!

E não esqueça seus óculos.

Cena 2

(O começo no ônibus)

Ônibus mucho color que anda en el mar caliente.

Caliente! Ai como estoy caliente!

Caliente es el fuego do inferno

Inferno que é barca

Barca do inferno, inferno de Dante.

Dante, gigante, amante do Luís.

Luís Carlos Leite foi excluído do poema

Poema e poemas vou declamar para o motorista.

Motorista de longas jornadas

Jornadas alucinantes comandadas pelo mega-blaster maquiador Coletivo, Dilon.

Dilon, amigão, do tamanho de Iemanjá.

Iemanjá captou a freqüência do meu pensamento.

Pensamento que me leva ao Vale de Lágrimas quando vejo os cabelos de Afonso
Afonso, insano ou santo?

Santo, santo, santo. Santo é o Senhor que nos salva.

Salva, salve, sinta o cinto.

Cinto na bunda do menino mau.

Mau mesmo eram os ratos que ficaram ao lado da igreja em Curitiba.

Curitiba, etc, etc, etc e tal.

Tal qual a garatuja ensandecida.

Ensandecida, eu grito um tempo em que os cantos foram desaparecendo.

Desaparecendo da face da Terra.

Cena 3 Poeminha.

Trinta e um de março de dois mil e nove

Nove patinhos estão dormindo com suas cabeças vermelhas

Vermelhas cerejas suculentas como o cupuaçu do norte

Norte azul que me incendeia

Incendeia minhas idéias cheias de marimbondo

Marimbondo me picou na testa

Testa maldita chegarei até seu cérebro

Cérebro e suas conexões elétricas, sinapses e sinopses

Sinopses, sinos, sinais, silêncio

Silêncio é um desejo, às vezes impossível mas que diz muito

Impossível não terminar aqui.

Oficina de Viewpoints no Ponto de Cultura da Trupe de Truões


A Oficina
O objetivo desta oficina é propiciar aos participantes o contato com a prática dos Viewpoints Físico e Vocais experimentando-os como material concreto para a composição cênica, permitindo que constatem na corporeidade e na relação com o espaço/tempo um caminho seguro para a criação.
Os Viewpoints
(Pontos de Vista) tratam-se de conceitos elaborados originalmente por Mary Overlie durante a década de 70 e propõe uma estrutura para a improvisação da dança com base no tempo e no espaço dividida em seis elementos – Espaço, Forma, Tempo, Emoção, Movimento e História.
Subseqüentemente, seu trabalho influenciou diversas gerações de artistas do teatro. Em 1987, as diretoras Tina Landau e Anne Bogart (SITI Company) encontraram-se quando trabalharam no Repertório Americano do Teatro em Cambridge, (American Repertory Theatre in Cambridge, MA). Nos dez anos seguintes, elas colaboraram extensivamente, experimentando os Viewpoints teatralmente e expandiram gradualmente os seis Viewpoints de Mary Overlie a nove Viewpoints Físicos (Relacionamento Espacial, Resposta Cinestésica, Forma, Gesto, Repetição, Arquitetura, Tempo, Duração E Topografia) e cinco Viewpoints Vocais (altura, volume, timbre, aceleração/desaceleração e pausa).
Passados mais de vinte anos, a prática dos Viewpoints inflamou as imaginações dos coreógrafos, bailarinos, atores, diretores, designers, dramaturgos e escritores. Hoje são ensinados pelo mundo inteiro e usados por muitos artistas do teatro e da dança nos processos de ensaio e treinamento.

Local: Ponto de Cultura da Trupe de Truões
Incrições Gratuitas pelo Link (Clique Aqui) ou direto no Local

quinta-feira, 14 de outubro de 2010


Tem uma pessoa do Coletivo que está em Portugal!
Por acaso têm acompanhado o processo de trabalho?
Tem recebido notícias?
Mande-as também Nádia

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Processo de Criação Saga #03 - Desenterrar

Podemos "desenterrar" uma inocente vítima da ganância e disputa de grupos políticos em certa cidade do Brasil no final dos anos 50?








A primeira fase do projeto Saga... passa pela Antígona que, em nome dos laços de Sangue, desafia o poder do Estado. Poder organizado como o desejava Platão em sua República.

Mas de nada adianta expulsar os artistas da cidade ideal. Eles voltarão para desenterrar seus mortos, pois é preciso lembrar que “o diálogo com os mortos não deve ser interrompido até que desvelem o futuro que com eles foi enterrado" (Heiner Muller)




terça-feira, 5 de outubro de 2010

Processo de Criação Saga #02 - O JULGAMENTO DE UM POETA




VOZ GRAVADA
No ano passado foi julgado na União Soviética o poeta Joseph Brodsky. Aqui estão trechos taquigráficos de seu julgamento.

(Acende-se a luz sobre Paulo e Vianna)

PAULO
Qual é seu nome?

VIANNA
Joseph Brodsky

PAULO
Qual é sua ocupação?

VIANNA
Escrevo poemas. Traduzo. Suponho que...

PAULO
Não interessa o que o senhor supõe. Fique em pé respeitosamente. Não se encoste na parede. Olhe para a corte. Responda com respeito. O senhor tem um trabalho regular?

VIANNA
Pensei que fosse um trabalho regular.

PAULO
Dê uma resposta precisa.

VIANNA
Eu escrevia poemas: julguei que seriam publicados. Supus...

PAULO
Não interessa o que o senhor supõe. Responda porque não trabalhava.

VIANNA
Eu trabalhava; eu escrevia poemas.

PAULO
Isso não interessa. Queremos saber a que instituição o senhor estava ligado.

VIANNA
Tinha contatos com uma editora.

PAULO
Há quanto tempo o senhor trabalha?

VIANNA
Tenho trabalhado arduamente.

PAULO
Ora, arduamente! Responda certo.

VIANNA
Cinco anos.

PAULO
Onde o senhor trabalhou?

VIANNA
Numa fábrica, em expedições geológicas...

PAULO
Quanto tempo trabalhou na fábrica?

VIANNA
Um ano.

PAULO
E qual é seu trabalho real?

VIANNA
Eu sou um poeta. E tradutor de poesia.

PAULO
Quem reconheceu o senhor como poeta e lhe deu um lugar entre eles?

VIANNA
Ninguém. E quem me deu um lugar entre a raça humana?

PAULO
O senhor aprendeu isso?

VIANNA
O quê?

PAULO
A ser poeta? Não tentou ir a uma universidade onde as pessoas são ensinadas, onde aprendem?

VIANNA
Não pensei que isso pudesse ser ensinado.

PAULO
Então como...?

VIANNA
Eu pensei que... por vontade de Deus...

PAULO
É possível ao senhor viver do dinheiro que ganha?

VIANNA
É possível. Desde que me prenderam sou assinado a assinar um documento, todos os dias, declarando que gastam comigo quarenta copeques. Eu ganhava mais do que isso por dia.

PAULO
O senhor não precisa de ternos, sapatos?

VIANNA
Eu tinha um terno. É velho, mas é um bom terno. Não preciso de outro.

PAULO
Os especialistas aprovaram seus poemas?

VIANNA
Sim, fui publicado na Antologia do Poetas Inéditos e fiz leituras de traduções para o polonês.

PAULO
Seria melhor, Brodsky, que explicasse à corte porque não trabalhava no intervalo de seus trabalhos.

VIANNA
Eu trabalhava. Eu escrevia poemas.

PAULO
Mas existem pessoas que trabalham em uma fábrica e escrevem poemas ao mesmo tempo. O que o impediu de fazer isso?

VIANNA
As pessoas não são iguais. Mesmo a cor dos olhos, dos cabelos... a expressão do rosto.

PAULO
Isso não é novidade. Qualquer criança sabe disso. Seria melhor que explicasse qual a sua contribuição para o movimento comunista.

VIANNA
A construção do comunismo não significa somente o trabalho do carpinteiro ou o cultivo do solo. Significa também o trabalho intelectual, o...

PAULO
Não interessam as palavras pomposas. Responda como pretende organizar suas atividades de trabalho no futuro.

VIANNA
Eu queria escrever poesia e traduzir. Mas se isso contraria a regra geral, arranjarei um trabalho... e escreverei poesia.

PAULO
O senhor tem algum pedido a fazer a corte?

VIANNA
Eu gostaria de saber porque fui preso.

PAULO
Isso não é um pedido; é uma pergunta.

VIANNA
Então não tenho nenhum pedido.

(As luzes se acendem sobre os dois, e um foco se acende sobre a atriz.)

TEREZA
Brodsky foi condenado a cinco anos de trabalhos forçados, numa fazenda estatal de Arcangel, na função de carregador de estrume. O poeta tinha vinte e quatro anos.

(Escuridão)

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

A CENA É PÚBLICA

Os artistas do Coletivo Teatro da Margem farão participação especial no espetáculo A Cena é Pública do grupo Teatro de Operações do Rio de Janeiro durante o Arte na Praça desse domingo na programação do Primeiro Festival de Teatro Universitário de Uberlândia.
 
Sinopse: utilizando-se de técnicas de circo, dança e teatro, os atores apresentam 6 números itinerantes, na rua, buscando provocar reflexões acerca de nosso cotidiano político-social e questionar o teatro como espetáculo dentro da sociedade do espetáculo

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Canoeiros da Alma na Revista Cavalo Louco


O Coletivo Teatro da Margem teve a honra de ter um artigo publicado na última edição da revista Cavalo Louco da Tribo de Atuadores Ói Nois Aqui Traveiz. Para ler o artigo basta clicar nas imagens.

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Processo de Criação Saga #01 - A SAGA NO SERTÃO DA FARINHA PODRE


Nosso novo processo de criação intitulado ‘A saga no sertão da farinha podre’ surge como reflexo da trajetória artística do grupo e sua prática criativa acerca dos Viewpoints. No entanto, a diferenciação está no contexto da criação, saindo do espaço convencional para a rua experienciando no espaço urbano, os princípios presentes nos trabalhos anteriores – os espetáculos “Canoeiros da Alma” e “Elas num Tempo Irrompido” e as performances “Das Cadeiras” e “Corpos que Ficam”. O foco do espetáculo está na relação entre a ordem social vigente e aqueles que estão à margem dessa ordem, abordando a visão que os ditos “marginalizados” têm da cidade.


A produção teatral na cidade de Uberlândia está cada vez mais forte, porém o teatro de rua não é uma prática comum. Entretanto, os espaços urbanos vêm sendo ocupados por grupos de áreas artísticas da dança e das artes performáticas. Nessa perspectiva compreende-se a necessidade de se estabelecer na cidade uma prática de teatro de rua que fundamente sua importância no contexto político, social e cultural.

O acontecimento teatral na rua propicia um contato direto e imediato da população com a obra artística, atingindo pessoas que comumente não teriam contato com o teatro, viabilizando, assim, a formação de público. Além disso, a linguagem do teatro de rua possibilita o deslocamento do espetáculo por diferentes espaços da cidade, alcançando assim, as regiões centrais e periféricas, devido à sua característica inerente de ocupação do espaço urbano.

A própria inserção do espetáculo no ambiente urbano gera uma transformação da percepção das pessoas em relação à organização e funcionalidade da cidade. Além disso, o tema a ser tratado no espetáculo propõe uma reflexão do público acerca da própria estrutura urbana e da relação dos indivíduos com esse espaço. A cidade será abordada pela visão dos ditos “marginalizados” em detrimento daqueles que representam a “ordem” e os “bons costumes”.

Sobre o Processo:

Proposta temática

Nosso espetáculo busca percorrer uma reflexão sobre as cidades e a relação das pessoas para com ela. Pela voz daqueles ditos “os marginalizados” evocamos suas almas permitindo um último lamento, ou rebelião, daqueles que por tanto tempo mantiveram-se calados.

O nome, “A Saga no Sertão da Farinha Podre”, faz referência direta a nossa terra – Uberlândia se localiza numa região do Triângulo Mineiro, que antigamente era conhecida como o sertão (ou Arraial) da farinha podre. Buscamos assim desenterrar esse antigo sertão ainda incrustado (e podre?) e, como artistas dessa terra, o que mais de escondido, morto, ou marginalizado possamos desenterrar nesse novo e moderno sertão chamado Uberlândia;

Proposta dramatúrgica

Luiz Carlos Leite, dramaturgo do Coletivo Teatro da Margem (CTM), trouxe amplas propostas para iniciarmos colaborativamente nossa construção dramatúrgica – a República de Platão, Antígona de Sófocles, e Nossa Cidade de Thornton Wilder foram textos que dialogaram fortemente com nosso tema.

A idéia de desenterrar essas figuras que se esgueiram pela margem da sociedade (mendigos, prostitutas, travestis, profetas de rua, loucos, deficientes) surgiu em relação à obra Antígona, reelaborando a relação de ordem e poder existente no texto. A cena inicial do espetáculo apresentará uma companhia de atores de rua representando a cena em que Antígona enfrenta o déspota Creonte a fim de enterrar o corpo de seu irmão Polinices. Em meio à atuação surge Platão que, defendendo seus conceitos explícitos em A República, intervém banindo os artistas da polis. Então o espetáculo caminha para o inverso de Antígona, os atores expulsos de sua terra, começam a desenterrar pelo caminho as figuras de suas memórias e aqueles que como eles também foram banidos, esquecidos e mortos em nome da boa ordem.

Levantamento de material

Para iniciarmos o processo de construção do espetáculo vários materiais que dialogam diretamente com o tema foram levantados, tais como, o código de postura da cidade de Uberabinha (antigo nome de Uberlândia, no inicio do século XX), pesquisa em jornais e revistas antigos no arquivo público de Uberlândia, álbum de figurinhas sobre a cidade de Uberlândia elaborado por Jorge Thomas, entrevistas com pessoas idosas falando sobre a cidade do passado, a cidade do presente e suas transformações.

Trabalho de sala

A prática de trabalho do CTM para a criação do espetáculo se baseia atualmente no treinamento a partir do método Suzuki, improvisações a partir do trabalho com os Viewpoints, e workshops a partir de questões levantadas pelo diretor, dramaturgo e pelos atores/performers. Como exemplo, um dos primeiros workshops trouxe as questões: O que você artista levaria com você caso fosse expulso de sua terra? E, quem e o que você desenterraria (personagem)?

Saídas para a rua

Depois de um tempo trabalhando unicamente dentro de sala surgiu a necessidade de experimentarmos nossas improvisações na rua. Nossa primeira saída aconteceu de improviso a partir do estímulo de “fuga” – fugir da sala, fugir da policia, fazer uma “teresa”, fugir de onde pra onde?, pegar carona para voltar. Depois outras saídas foram feitas com o objetivo de pesquisar, a partir dos estímulos dos Viewpoints, possibilidades de relacionamento e deslocamento pela cidade.

Intercâmbios e Diálogos

Durante essa primeira fase de nosso processo de criação e levantamento de materiais tivemos duas importantes visitas para o desenvolvimento de nosso trabalho.


A primeira delas foi do grupo gaúcho Tribo de atuadores Ói nóis aqui traveiz com o projeto de circulação do espetáculo “O Amargo Santo da Purificação”, cujo CTM foi parceiro na produção local. Com a presença deste importante grupo de teatro de rua do Brasil foi-nos possível a troca e intercâmbio de práticas e idéias por meio do workshop de teatro de rua ministrado por Paulo Flores e Tânia Farias, da palestra “Ói nóis aqui traveiz, 32 anos: o teatro de rua no Brasil” também apresentada pelos dois, e do trabalho prático com os atores da Tribo dentro de um dos encontros do CTM.


A segunda visita foi de Donnie Mather, um dos atores do grupo nova-iorquino SITI Company dirigido por Anne Bogart que sistematizou o método dos Viewpoints para a criação em teatro. Sua visita a Uberlândia foi possível por meio da parceria entre o CTM e o projeto Culturarte promovido pela Diretoria de Culturas da UFU (Universidade Federal de Uberlândia) no qual ministrou a oficina “Suzuki e Viewpoints”.

ps: como não tenho foto da oficina do Donnie insiro do boteco mesmo! rs

Ficha técnica

Elenco: Adriana Moreira, Afonso Mansueto, Camila Tiago, Lucas Dilan, Marcella Prado, Priscilla Bello, Samuel Giacomelli
Direção: Narciso Telles Assistência de Direção: Getúlio Gois
Dramaturgia: Luis Carlos Leite Apoio Técnico: Marina Ferreira
Produção: Adriana Moreira, Priscilla Bello e Samuel Giacomelli
Figurino: Coletivo Teatro da Margem
Cenário: Coletivo Teatro da Margem
Direção e preparação musical: Guilherme Calegari