Esse rio
que um dia correu livre, forte
mostrando caminhos, jeitos de ser impetuosidade e água.
Esse rio
que era tantos lados
o modo de ser amor e mágoa
futuro e espera, luz e palavra.
Agora pára, abrupto
como uma lembrança mal recordada
um jeito de não saber o que deu errado
(a vida erra?).
Torna-se bacia rasa, escura
iluminada pelos olhos que querem, perguntam
pelo quadro explícito do amor secreto
gaiola de prender vidas infinitas.
Rio que SE INTERROMPE!
sem toda essa palavra, tão grande:
finda, cansa, fica, e só.
E se um varal de esperanças se abre
é porque não se vive em poesia
sem ficar nu de vez em quando.
Só de vez em quando...
quando a lua brilha úmida
ou o ar desmente lendas
ou ainda quando iguais se encontram,
segurando malas, recordando saídas.
* Poema-regalo de Marsial Azevedo aos Canoeiros.
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