quinta-feira, 14 de julho de 2011

Ator negro é agredido por policiais em Festival de Teatro de Blumenau

E-mail de Narciso Telles ao Coletivo Teatro da Margem direto do Festival Internacional de Teatro Universitário de Blumenau:

Marginais,
ontem um ator NEGRO que está participando do festival foi agredido por policias
militares com socos e coronhadas. A vários outros artistas BRANCOS que estavam
junto a agressão foi verbal. Hj fizemos uma manisfestação contra este ato de
violência, abuso de autoridade e racismo.
Penso que por conta deste episódio e outros que nosso trabalho teatral deve se
manter firme. A Saga [no Sertão da Farinha Podre] fala disto.
Fica aqui esta mensagem para que possamos seguir caminhando coletivamente juntos.

Bjs, Narciso

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Já que a internet é mais rápida que o gatilho de Jasse James, aqui vai mais comentários sobre o ocorrido:

Marcelle Louzada, via Facebook:


O belo Alexandre de Sena, artista-negro em um país da diversidade, agredido por policiais militares em Blumenau-SC, na estadia pela cidade para participar do Fitub Blumenau - Festival de Teatro. É triste demais ver a cena se repetindo durante todos esses séculos de dominação, exploração e mistificação. É realmente muito triste um país colorido como o Brasil ainda proceder com preconceito e violência. Muitas vaias a polícia militar de Blumenau!!!

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E mais informações, direto do Facebook de Alexandre de Senna, convocando os artistas presente no festival de Blumenau a participar de passeata para denunciar o ocorrido:


Ontem o artista Alexandre de Sena foi agredido por policiais em um posto de conveniência de Blumenau.
Alexandre é homem, ator, negro, dj, designer, gentil entre tantas outras coisas.
Ele está presente na cidade a convite do FITUB – Festival Internacional de Teatro Universitário de Blumenau, juntamente com a Associação No Ato Cultural, de Belo Horizonte. O Festival celebra o teatro e os bons encontros e faz isso com competência, inteligência, cores. Muitas cores. Somos artistas, somos agentes políticos, mobilizadores e formadores.
Dois policiais chegaram ao posto de conveniência, por volta de três e meia da madrugada, com a intenção de retirar as pessoas do local. Não havia baderna ou desordem. Barulho, talvez.
A maneira escolhida para dispersar o grupo foi agressiva. Uma pessoa não saiu. Estava aguardando amigos que saiam do posto de conveniência.
“Vaza, negão!”. Foi o que se ouviu. Ele não vazou e com a coragem e delicadeza dos valentes avisou que não sairia, aguardaria os amigos e que essas não são as formas certas de abordagem.
Seguiram-se socos, pontapés e coronhadas de escopeta em apenas uma pessoa.
Coronhadas de escopeta. Já viu uma escopeta? É uma arma que paralisa, mata e pelo visto, servem também para coronhadas em jovens na madrugada.
Enquanto alguns questionaram incisivamente os policiais, apenas um, justamente o que não que não questionou, apenas exerceu seu direito de ficar onde está, saiu com marcas pelo corpo. O que o diferenciava dos outros?
Junte isso a um “vaza negão” e o que se tem?
RACISMO.
Se antes o barulho era um talvez, agora o barulho é uma certeza.
Não se bate em negros, ruivos, latino-americanos, argentinos, bolivianos, chilenos, japoneses, mulheres, alemães, gays, crianças, cachorros, em ninguém.
Não se deixa marcas pelos corpos ou se dilacera almas.
O barulho é nosso. As cores são nossas.
Dezenas de pessoas viram. Pessoas de Blumenau, de Minas Gerais, da Argentina e de outros locais.
Quinta – feira, dia 14 de Julho, vamos do Teatro Carlos Gomes até o IML juntos.
Quando se agride uma pessoa, nos sentimos todos agredidos. Iremos todos juntos, fazer exame de corpo de delito. Nossas marcas, ao contrário das de Alexandre, não são aparentes. Mas estamos todos feridos.
14 de Julho, quinta-feira, 09:30 da manhã, do Teatro Carlos Gomes ao IML

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“AQUI NÃO É O SEU LUGAR! vaza negão!” ¿fala do espetáculo A Saga no Sertão da Farinha Podre? Não! De um policial militar na madrugada do dia 13 de julho em Blumenau.

Relato pormenorizado de Alexandre de Sena sobre o ocorrido!http://picumah.blogspot.com/20​11/07/o-que-nao-vaza-e-pele.ht​ml

Um comentário:

Ana Maria Rodrigues disse...

Por isso se alastra a síndrome do pânico.Temos sim que ter cada vez mais medo de gente!