domingo, 13 de março de 2011

Processo de Criação #15 - Das vozes que sentenciam: Platonas, Creontes, Profetas e outros mais

"[...] a palavra é um ato de poder, o que equivale a afirmar que ela não é apenas um entre os seus outros símbolos, mas o seu exercício. O direito de falar e ser ouvido é o ofício do senhor. Os súditos calam ou repetem a palavra que ouvem, fazendo seu o mundo do outro. Porque a diferença entre um e outros está em que o primeiro detém a posse do direito de pronunciar o sentido do mundo e, por isso, o direito de ditar a ordem do mundo social. Ele é quem transformou um dever coletivo e anterior de dizer, no poder de ditar e ser, assim, obedecido; enquanto os outros, não tendo sido expulsos do ato de falar - todos falam, em toda parte - existem à margem do lugar onde se fala aquilo que transforma o mundo. Quem disse que sempre a fala do justo é justamente a palavra necessária? Verdadeira, quem garante que por isso mesmo ela seja legítima?"

Trecho retirado de:
BRANDÃO, Carlos Rodrigues. Educação Popular. São Paulo: Brasiliense, 1985. (2ª ed. )

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