Memorial de Silêncios e Margaridas, unipersonal de Narciso
Telles, aciona como material de composição os
escritos de Eduardo Galeano e narrativas de torturados e torturadores dos anos
de chumbo no Brasil. O espetáculo reconstrói a memória social deste período
histórico, evocando vozes e silêncios. (Narciso Telles)
Em um passado ainda recente, foram instaurados regimes
ditatoriais de governo, em diversos países latinoamericanos, onde as vozes
dissidentes eram caladas com muita dor, crueldade e sofrimento. A dramaturgia
de Memorial de Silêncios e Margaridas é
uma busca dos sentimentos humanos em meio a histórias de pessoas impedidas das
coisas mais simples de seus cotidianos e, de outras tão importantes como amar e
sonhar. Partimos de narrativas e silêncios das pessoas, das suas músicas, das
leituras de Eduardo Galeano, de Frei Beto, de visitas ao Memorial da
Resistência, no antigo prédio do DEOPS, e muitas outras investigações, na
tentativa de desvelar algumas marcas dos sobreviventes, dos mutilados e
queimados, mas também daqueles que estavam do outro lado, daqueles que tiveram
prazer em produzir rostos sem traços, em arrancar jovens de suas casas para
jogá-los depois em terrenos baldios, em sepulturas clandestinas ou até no mar.
Procuramos apenas falar um pouco desses seres humanos, não no sentido da
rememoração de suas dores, mas para que não esqueçamos nunca que algo aconteceu
e de como poderia ter sido diferente!
(Luiz Leite)
Narciso me convidou para participar de um solo a três, para
compartilhar as memórias desse processo e ser seu olhar distanciado, de fora,
na medida do possível. O processo de
criação privilegiou diversas memórias: individuais e coletivas sobre um momento
histórico recente que se prefere silenciar. Pensou-se a cena como um memorial daquilo que
não queremos que seja esquecido. Não porque queremos ficar presos ao passado,
mas porque somente podemos esquecer aquilo que é lembrado e transformado,
porque não queremos que esses atos se repitam. Meu foco foi privilegiar as
associações que Narciso fazia com essas memórias que não foram vivenciadas por
ele, mas que povoam nosso imaginário. Não quisemos representar a dor e o horror
dessas experiências, mas criar um memorial para reflexão. (Mara Leal)
Duração: 40 min.
Ficha Técnica
Direção:
Mara Leal
Atuação:
Narciso Telles
Dramaturgia:
Luiz Carlos Leite & Narciso Telles
Orientação
vocal: Dirce Helena de Carvalho
Iluminação:
Camila Barbosa Tiago
Figurinos:
Mara Leal & Cátia Vianna
Sonoplastia:
Cesar Lignelli & Narciso Telles
Cenografia:
Emiliano Freitas
Adereços:
Lucas Dilan
Operação de
Luz e som: Coletivo Teatro da Margem
Costureira:
Mao Minillo
Produção:
Coletivo Teatro da Margem
Agradecimentos: Tiago Pimentel, Leon de Vasconcellos Telles da Silva, Vilma Campos Leite, Fernando Aleixo, Elisa Vilela, Alex Dorjó, Regina Aparecida Moraes, Coletivo Teatro da Margem, Laboratório de Interpretação/Encenação (LIE), Curso de Teatro/UFU, Tribo de Atuadores Oi Nóis Aqui Traveiz,Trupe de Truões, Associação de Teatro de Uberlândia (ATU), Instituto de Artes, Programa de Pós-Graduação em Artes, Universidade Federal de Uberlândia e a todos os novos e velhos parceiros que nos ajudaram neste processo.